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Na cidade que é reduto de várias modalidades esportivas, há aquelas que são desconhecidas por muitos


Escrito por: Alan Martins/ 29 de março de 2020

Todos sabem que o futebol é a paixão nacional, mas aqui em São Paulo tem esportes para todos os gostos. Irei destacar por aqui dois esportes que provavelmente você não conhece: Corfebol e Bike Polo. Entrevistei atletas e profissionais de cada modalidade, que contaram um pouco de sua relação com o esporte.

E então, vamos conhecer um pouco mais desses esportes? Quem sabe você não se interesse por algum. Para abrir esta série, você vai conhecer abaixo um pouco sobre o Corfebol:

Parecido com o basquete, o Corfebol é praticado por equipes mistas. Esse esporte surgiu na Holanda em 1902, criado por um professor de Educação Física chamado Nico Broekhuysen. Ele se inspirou num esporte sueco chamado Ringball, Nico teve a ideia de criar um esporte que fosse praticado por ambos os sexos e que fosse atraente para os jovens, surge aí o Corfebol, que em português significa "bola ao cesto”. Já em 1903 constituiu a Associação Holandesa de Corfebol e em 1920 o esporte entrou como modalidade de demonstração nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, na Bélgica. e em 1928 na Olimpíada de Amsterdã, na Holanda. A modalidade teve um novo impulso com a criação da IFK (Federação Internacional de Corfebol, em inglês) em 1933. Desde então o número de praticantes vem aumentando pelo mundo e tem o Brasil como um de seus redutos.

Corfebol (O esporte da inclusão)

Pessoas jogando Corfebol

Principais regras e objetivos

Ele é um esporte misto, jogam homens e mulheres na mesma equipe. O objetivo é acertar a bola no cesto adversário. As equipes são constituídas por oito jogadores, sendo quatro homens e quatro mulheres. Durante a partida, homens podem apenas marcar homens e mulheres apenas marcar mulheres. 

O jogo tem 60 minutos de duração, sendo dois tempos de 30 minutos. Ao final do primeiro tempo os times trocam de lado. A quadra é retangular e possui dimensão de 40X20 metros, há também duas cestas com 3,5 m de altura. Enquanto o jogador estiver com a posse da bola, ele não pode andar, ele deve arremessar para o cesto ou passar a bola para outro companheiro de equipe. Cada cesta vale um ponto. A cada duas cestas os times trocam de zonas: os defensores viram atacantes e os atacantes viram defensores.

Em São Paulo

Ele é representado pela (FCESP) Federação de Corfebol do Estado de São Paulo, que tem como objetivo organizar e difundir a modalidade em todo o estado. A professora Luciana Bortoleto trouxe a modalidade para o Estado e foi responsável por montar a primeira equipe brasileira para participar de um campeonato mundial, atualmente ela é a representante da Federação Internacional de Corfebol. Leia abaixo a entrevista com ela:

Quando conheceu o esporte? Conheci o Corfebol em 2011 quando era coordenadora do departamento de educação física de um colégio da rede privada de ensino. Todos os professores do departamento realizavam pesquisas para levarmos aos alunos modalidades diferenciadas, quando descobrimos o Corfebol.

O que mais você gosta do Corfebol? Seus princípios: Inclusão, cooperação, colaboração e respeito.

"A mídia, normalmente só divulga o que é de senso comum, não incentivando as práticas diferenciadas"

Como a Federação trabalha hoje com as categorias de base? O trabalho de base é bastante difícil de ser realizado por não haver incentivo, porém, quando temos campeonatos, realizamos uma seletiva entre os praticantes para compor a equipe que representará o país. Vale a pena ressaltar, que cada jogador e integrante da comissão técnica, arca com suas despesas de viagem e seguro, uma vez que normalmente conseguimos parcerias com clubes dos países que visitamos, que nos ajudam com as despesas de hospedagem, alimentação, treinamentos e transporte interno.

Como você vê o momento deste esporte hoje no Estado? No Estado de São Paulo temos poucos praticantes em algumas cidades a nível competitivo, porém a presença no material didático do Estado e o trabalho de divulgação da FCESP, tem alcançado um número significativo de praticantes nas aulas de educação física.

O que falta para que o Corfebol seja mais propagado pelo Estado? Falta incentivo dos órgãos públicos (secretarias da educação, cultura e esportes) para a prática de atividades e modalidades não convencionais. 

Para quem se interessou e quiser praticar esse esporte, basta entrar em contato com a Federação de Corfebol do Estado de São Paulo através da página do Facebook, lá você poderá se informar e ficar por dentro de tudo o que acontece relacionado ao universo do Corfebol em São Paulo.

Bate-papo

Renata Pilon

Renata Pilon, 21 anos, atleta da seleção de base, pratica o  esporte há cerca de três anos, disse que conheceu o esporte através de uma amiga, que já praticava o Corfebol. “O time precisava de mais meninas, já que em menos de dois meses eles iriam para um campeonato na Argentina, e ela me convidou para treinar e viajar com eles”, disse Renata.

"Nunca fui muito fã de esportes"

Ela conta que os treinos normalmente ocorrem em ginásios. " Normalmente a prefeitura fornece um horário em algum ginásio da cidade." Renata disse ainda que " Também treino em lugares públicos, que possuem campinho de areia ou de grama, tanto para variar um pouco e não se tornar cansativo, quanto para fortalecer e melhorar técnicas, já que são trabalhadas em um ambiente diferente".

O que Renata mais gosta no esporte é que ele permite que meninos e meninas joguem juntos. “Nunca fui muito fã de esportes, principalmente na época de escola, onde só os meninos jogavam e desprezavam as meninas por acharem que não era capaz". Ela confessou também que odiava educação física, mas que após conhecer o Corfebol e ver que o time depende de todos para fazer um bom jogo, ela se encantou!

Sobre o benefício do esporte para sua saúde ela diz:" Na questão física eu não vi melhorias porque já frequentava a academia diariamente e praticava corrida, mas acredito que tenha me ajudado muito na redução do estresse, pois era algo mais descontraído, e melhorou minha capacidade cognitiva, que era algo que eu não desenvolvia na academia."

treino de CorfebolRenata treinando com a equipe brasileira sub-19 durante o campeonato mundial em 2018

"Acredito que falta, claramente, uma ajuda do Governo para divulgar o esporte, principalmente em escolas", declarou ela, sobre um dos problemas da falta de propagação do esporte. "Antes de eu conhecer o esporte, eu nunca tinha ouvido falar sobre ele."

No Brasil o esporte conta com apenas duas Federações, sendo uma no Rio de Janeiro e a outra aqui em São Paulo, e o trabalho que essas Federações realizam é fundamental para a difusão do esporte. A Federação de SP realiza cursos para professores de escolas que queiram inserir o Corfebol nas aulas de Educação Física. 

Renata já viajou para o Rio de Janeiro, Argentina e Holanda (este último, onde disputou o campeonato mundial sub-19 pela seleção brasileira).

A menina que não gostava de Educação Física, hoje é uma das atletas promissoras do esporte no país.

Seleção Brasileira sub-19 de CorfebolSeleção brasileira sub-19 que disputou o mundial em 2018. Renata é a primeira, sentada na esquerda. Luciana é a última, na fileira central